"Não será o fim do mundo se o BC der uma parada técnica sobre a taxa de juros", disse André Esteves no evento, realizado em SP
Reforçando seu papel como maior investidora institucional do país, a Previ reuniu especialistas do ramo, agentes do mercado e também executivos de grandes empresas na 1ª edição do Previ Day, realizado em São Paulo, nesta quinta-feira, 6. O evento, que fez parte das celebrações de aniversário de 120 anos da entidade, contou com painéis temáticos que incluíram análise do atual cenário econômico, no Brasil e no mundo, diferentes oportunidades de investimentos, além de fundos alternativos e sustentáveis.
O painel de abertura contou com André Esteves, um dos fundadores do BTG Pactual e presidente do Conselho do fundo, que antes de falar sobre a atual conjuntura enalteceu a história da Previ. “120 anos são poucas instituições que têm. No Brasil, raríssimas, no mundo poucas”, disse Esteves, que complementou: “com boa governança, a Previ ajudou o Brasil com enorme impacto na nossa história”.
Questionado sobre mudanças na taxa de juros do Brasil (Selic), Esteves disse que é difícil fazer um prognóstico, mas que uma nova queda não deve ocorrer agora. “A inflação corrente não está acontecendo nada. A taxa de juros está mais alta, mas não será o fim do mundo se o Banco Central (BC) der uma parada técnica, em uma decisão unanime, que é o que acho que pode acontecer no próximo Copom [Comitê de Política Monetária]. E é recomendável”, explicou, afirmando que não se trata de uma frustração.
No início do evento, o presidente da Previ, João Fukunaga, também falou sobre a importância do Previ Day neste momento histórico do fundo. “O objetivo aqui é promover esse diálogo entre agentes do mercado e empresas participadas para mostrar mais o trabalho da Previ”, explicou.
Além dos especialistas, o Previ Day contou com ex-presidentes da Previ, representantes da Neoenergia, Vale, XP, Tupy, e também da Anapar, Economus, entre outras entidades.
Evento analisou diferentes aplicações e fez prognóstico do presente e do futuro dos investimentos
Durante toda a tarde e o início da noite desta quinta-feira, os painéis abordaram temas distintos relacionados à economia brasileira e internacional, além de fazer um panorama das aplicações.
Tiago Berriel, do BTG Pactual, se mostrou otimista com o cenário de baixo desemprego, porém uma taxa de crescimento maior deve demorar, afirmou. “A gente tem que ver se as reformas vão se materializar em maior produtividade e maior investimento, porque agora não tem nem um, nem outro”.
Frederico Vontobel, da Vokin, falou sobre a importância da renda variável e as oportunidades de investimentos no Brasil. “Todo portfólio cabe renda variável. Temos excelentes empresas no Brasil, geradoras de riquezas, geradoras de resultado. Tem empresas valendo 5x o lucro, líderes globais com vantagens competitivas. O segredo é comprar bens e depois olhar para o negócio, não para o preço da ação”, explicou.
Já no painel sobre multimercado e investimentos alternativos, Rodrigo Azevedo, da Ibiúna Investimentos, defendeu a diversificação da carteira “Multimercado dá uma vantagem grande de enfrentar cenários adversos e voláteis, permite mudar de ideia e ajustar sua carteira. Essa agilidade é muito mais difícil de se pensar em uma alocação de longo prazo”, explicou apontando caminhos para alocar investimentos.
Investimentos sustentáveis com compromissos ASGI
Incentivadora dos novos fundos sustentáveis e de empresas que investem no socioambiental, a Previ também abordou essa temática no Previ Day, com a participação da Rebeca Lima, Diretora Executiva CDP na América Latina. Ela falou sobre o trabalho para ajudar investidores na hora de aplicar nesses papéis.
“Há 24 anos, falar de clima era falar de emissão, mas hoje é muito mais. Inclui compromissos climáticos, engajamento com cadeia de valores, também incluímos questões ligadas a segurança hídrica e uso do solo. Nós temos uma série de ferramentas, inclusive uma que estamos trabalhando com a Previ, em que pegamos métricas de empresas de diferentes setores e traduzimos isso em uma métrica comum”, explicou, apontando que existem bilhões nas mãos de investidores interessados nesses negócios.
O painel final foi comandado por Gustavo Pimenta, CFO da Vale, que falou sobre os desafios do atual mercado de minério de ferro e a relação com a China neste negócio, mostrando números do setor. “A China compra 60% do minério de ferro do mundo. O balanço de oferta e demanda nos deixa mais positivos sobre a estabilidade e resiliência do negócio. Não queremos minimizar os desafios, mas têm muitos elementos que suportam a história da Vale”, disse.